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26 de abril de 2012

Adeus, Dicró.

Dezenas de amigos, parentes e fãs acompanham desde a manhã desta quinta-feira (26), no cemitério Parque Jardim Mesquita, em Édson Passos, na Baixada Fluminense, o velório do sambista Dicró, que morreu na noite desta quarta-feira (25), aos 66 anos, em um hospital de Magé, também na Baixada. O enterro será no mesmo local e está marcado para 16h.
"Era muito família, não deixava ninguém se desviar. Bobo com os filhos, amoroso com minha mãe. Vai deixar muita saudade. Ele fazia todo mundo rir, sem precisar se pintar", disse Jorge Luiz, 40, o caçula de três filhos do cantor que era conhecido por compor sambas bem-humorados, recheados de sátira e brincadeiras com as sogras.
O filho mais velho, César, de 44 anos, também falou sobre o pai. "Nos shows ele alternava piadas entre as músicas. Eu já conhecia todas, mas ele contava de uma forma que eu ria sempre, mesmo assim".
Segundo ele, Dicró era espontâneo e dizia o que sentia. "Ele perdia a bicicleta, mas não perdia a razão", disse, ao lembrar da bronca que o pai deu no dono de uma gravadora que insinuou para a esposa do sambista que ele não era responsável, após um atraso a uma reunião.
Dicró sofria de diabetes e de insuficiência renal. Depois de uma sessão de hemodiálise, ele passou mal em sua casa e foi levado para o hospital, onde sofreu um infarto e não resistiu. Em novembro passado, ele chegou a ser submetido a uma cirurgia para tratar uma inflamação na vesícula.
O enterro será no cemitério Parque Jardim Mesquita, em Édson Passos, e está marcado para as 16h. O velório começou por volta das 10h.
O apelido veio da época em que era compositor de um bloco carnavalesco em Nilópolis e assinava as composições com as iniciais de seu nome "CRO". Ao darem o crédito dos sambas, diziam: "é de CRO", o que em pouco tempo se transformou em Dicró.Carreira
Nascido em 14 de fevereiro de 1946, Carlos Roberto de Oliveira era conhecido por compor sambas bem-humorados, recheados de duplos sentidos, sátira e brincadeiras com as sogras, como nas músicas "A vaca da minha sogra" e "Bingo da sogra". "Eu adoro sogra. Se eu pudesse, tinha 10, minha mulher é que não deixa", costumava dizer.
Na década de 1990, formou parceria com os sambistas Moreira da Silva (1902-2000) e Bezerra da Silva (1927-2005), encontro que resultou no álbum "Os 3 malandros in concert", em 1995.
O sambista nasceu em Mesquita, na Baixada Fluminense, mas sempre teve um carinho muito especial pelo bairro de Ramos, no subúrbio do Rio. Segundo ele, quando era pequeno, ia a pé de Mesquita até a praia de Ramos, pois não tinha dinheiro para pagar a passagem.
Para o sambista, essa era a razão pela qual incluiu Ramos em algumas de suas músicas. Quando a praia começou a ficar suja, Dicró chegou a organizar um abraço simbólico da população no entorno da praia.
Em 2010, ele fez uma série de participações especiais no Fantástico como "supercorrespondente no mundo dos bacanas" (veja os vídeos).O sambista lançou 12 discos em sua carreira. Um dos últimos CDs lançados por Dicró era vendido na rua, de mão em mão. O projeto, que é chamado "CD rua" e é de autoria do cantor Aguinaldo Timóteo, dá a possibilidade de o artista vender o disco a preço popular, o que, segundo Dicró, era mais justo com os seus fãs.
Em março daquele ano, teve uma crise de hipertensão e foi internado. Depois de ter alta,declarou ao Canal F do Fantástico: "Não morri, não. Estou aí, duro na queda. Só estranhei uma coisa: andei de jatinho, de navio luxuoso, de limusine, de Ferrari e, de repente, quando eu me dou conta estou dentro de uma ambulância. Sabia que eu era gordo, cachaceiro e mentiroso, e diabetes eu descobri há pouco tempo. Cheguei no hospital, e os caras me internaram. Forçando uma barra: parei de beber e parei de fumar. Eu só nao consigo parar de mentir".