Páginas

Translate

22 de agosto de 2012

Álcool aumenta o risco de câncer. Colaborador: G1



Metabolismo da bebida no corpo gera substância capaz de causar tumores.
Proteção natural contra efeito é ausente em alguns asiáticos e americanos.

Do G1, em São Paulo
29 comentários
Cientistas da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, informaram nesta quarta-feira (22) a primeira evidência em humanos de que o consumo de bebidas alcoólicas aumenta o risco de alguns tipos de câncer, como o de esôfago.
A descoberta surge quase 30 anos depois dos primeiros estudos que levataram a possibilidade de um elo entre o álcool e tumores.
Os resultados foram apresentados no 244º Encontro Nacional da Sociedade Americana de Química.
Segundo a autora Silvia Balbo, que liderou o trabalho, o corpo humano metaboliza – ou seja, quebra – as moléculas de álcool contidas em cervejas, vinhos e destilados. Uma das substâncias formadas a partir desse metabolismo é chamada de "acetaldeído", que tem estrutura semelhante a um conhecido composto cancerígeno, o "formaldeído" -- ligado a tumores nos pulmões, nariz, cérebro e sangue (leucemia).
Em foto desta terça-feira (5), garotas apreciam cerveja com espuma congelada Em Tóquio. (Foto: Toru Hanai/Reuters)Até 30% dos asiáticos não têm enzima capaz de inibir os danos do álcool ao DNA (Foto: Toru Hanai/Reuters)
Por meio de experimentos em laboratório com voluntários, os pesquisadores observaram que o acetaldeído também pode danificar o DNA, agindo como um agente cancerígeno.
Para testar a hipótese, dez voluntários tiveram que beber doses crescentes de vodka (até três) uma vez por semana, durante três semanas. Os pesquisadores descobriram que, horas após a ingestão de álcool, os níveis de alterações no DNA aumentavam até 100 vezes nas células da boca dos indivíduos, e diminuíam depois de 24 horas. O mesmo efeito foi observado nas células sanguíneas.
De acordo com Silvia, a maioria das pessoas tem um mecanismo de proteção natural altamente eficaz contra o efeito do álcool no DNA – uma enzima chamada "desidrogenase" converte o acetaldeído em acetato, uma substância relativamente inofensiva. No entanto, alguns são mais suscetíveis a terem problemas.
Entre esse grupo, estão 1,6 bilhão de pessoas de origem asiática que não têm essa enzima. Além dos orientais, alguns americanos (incluindo nativos do Alasca) apresentam uma deficiência na produção da desidrogenase.
Os cientistas dizem, no entanto, que a maior parte dos indivíduos não desenvolverá câncer por beber socialmente, mas é importante lembrar que o álcool traz outros problemas de saúde – ao fígado, cérebro e outros órgãos – e aumenta os riscos de acidentes no trânsito.