Argélia (em
arabe: الجزائر,
transl. al-Jazā’ir; em
tamazight:
Dzayer), oficialmente
República Democrática e Popular da Argélia, é um país da
África do Norte que faz parte do
Magreb. Sua capital é
Argel, no norte do país, na costa do
Mediterrâneo. Com uma superfície de 2 381 741 km², é o maior país à volta do Mediterrâneo e o mais extenso da
África, após a divisão entre o
Sudão e o
Sudão do Sul. Partilha suas fronteiras terrestres ao nordeste com a
Tunísia, a leste com a
Líbia, ao sul com o
Níger e o
Mali, a sudoeste com a
Mauritânia e o território contestado do
Saara Ocidental, e ao oeste com
Marrocos.
A
Constituição argelina define "o
islã, os
árabes e os
berberes" como "componentes fundamentais" da identidade do povo argelino, e o país como "terra do islã, parte integrante do Grande Magreb, do Mediterrâneo e da África".
A Argélia tem sido habitada pelos
berberes desde pelo menos 10.000 a.C.. A partir de 1.000 a.C. os
cartaginesespassaram a exercer influência sobre os berberes ao instalarem assentamentos ao longo da costa.
Os primeiros reinos berberes começaram a surgir, destacando-se o reino da
Numídia, e aproveitaram a oportunidade oferecida pelas
guerras púnicas para se tornarem independentes de Cartago. Sua
independência, no entanto, não durou muito já que em 200 a.C. eles foram anexados por
Roma, então uma
república. Com a queda do
Império Romano do Ocidente os berberes tornaram-se independentes outra vez retomando o controle da maior parte do seu antigo território, com exceção de algumas zonas que foram ocupadas pelos
vândalos que por sua vez foram expulsos pelos
bizantinos. Com sua vitória o
Império Bizantino manteve, ainda que com dificuldades, o domínio sobre a parte leste do país até à chegada dos
Árabes no
século VIII.
A Argélia foi anexada ao
Império Otomano por Khair-ad-Don e seu irmão Aruj que estabeleceram as atuais fronteiras argelinas ao norte e fizeram da costa uma importante base de
corsários. As atividades dos corsários atingiram seu pico por volta do
século XVII. Ataques constantes a navios norte americanos no mediterrâneo resultaram na primeira e segunda
guerra berbere. Sob o pretexto de falta de respeito para com seu cônsul, a
França invade a Argélia em
1830. A forte resistência de personalidades locais e da população dificultou a tarefa da França, que só no
século XX obtém o completo controle do país.
Mesmo antes da obtenção efetiva desse controle, a França já havia tornado a Argélia parte integrante de seu
território, uma situação que só acabaria com o colapso da
Quarta República. Milhares de colonizadores da França,
Itália,
Espanha e
Malta se mudaram para a Argélia para cultivar as planícies costeiras e morar nas melhores partes das cidades argelinas, beneficiando-se do confisco de terras populares realizado pelo governo francês. Pessoas de descendência europeia (conhecidos como
pieds-noirs, ou pés pretos), assim como
judeus argelinos eram considerados cidadãos franceses, enquanto que a maioria da população muçulmana argelina não era coberta pelas leis francesas, não tinha cidadania francesa e não tinha direito a voto. A crise social chegou ao seu limite neste período, com índices de
analfabetismo subindo cada vez mais enquanto que a tomada de terras desapropriou boa parte da população.
A Argélia é obrigada a enfrentar uma guerra prolongada de libertação em virtude da resistência dos colonos franceses, que dominam as melhores terras. Em
1947, a França estende a cidadania francesa aos argelinos e permite o acesso dos
muçulmanos aos postos governamentais, mas os franceses da Argélia resistem a qualquer concessão aos nativos. Nesse mesmo ano é fundada a
Frente de Libertação Nacional (FLN), para organizar a luta pela independência. Uma campanha de atentados antiárabes (1950-1953) desencadeada por colonos direitistas, tem como reação da FLN uma onda de atentados nas cidades e guerra de
guerrilha no campo. Em
1958, rebeldes exilados fundam no
Cairo um governo provisório republicano. A intervenção de tropas de elite da metrópole (Legião Estrangeira e paraquedistas) amplia a guerra. Ações terroristas,
tortura e deportações caracterizam a ação militar da França. Os nacionalistas e oficiais ultradireitistas dão um
golpe militar na Argélia em 1958.
No ano seguinte o
presidente francês,
Charles de Gaulle, concede autodeterminação aos argelinos. Mas a guerra se intensifica em
1961, pela entrada em ação da organização
terrorista de direita OAS (Organização do Exército Secreto), comandada pelo general Salan, um dos protagonistas do
golpe de 1958. Ao
terrorismo da OAS a FLN responde com mais terrorismo. Nesse mesmo ano fracassam as negociações franco-argelinas, por discordâncias em torno do aproveitamento do
petróleo descoberto em
1945. Em
1962 é acertado o Armistício de Evian, com o reconhecimento da independência argelina pela França em troca de garantias aos franceses na Argélia. A República Popular Democrática da Argélia é proclamada após eleições em que a FLN apresenta-se como partido único. Ben Bella torna-se presidente.
Com a saída dos franceses, após a independência, os cristãos ficaram reduzidos a 1% da população, dos quais, 0,5% são estrangeiros. Foi aprovado o
Decreto 06-03 que restringe cultos não islâmicos e a minoria cristã passou a ser perseguida
[1]. Apesar da legislação local tentar evitar medidas extremas contra minorias religiosas, incidentes contra pregadores e padres são constantes. Em dezembro de 2009, uma igreja foi incendiada e seu pastor ameaçado
[2]
A Argélia tem duas regiões geográficas principais, a região norte e a região do deserto do
Saara, na região ao sul do país. A região norte é formada por quatro zonas: uma pequena faixa de
planície acompanhando a costa do
Mediterrâneo; a região da cadeia de montanhas do Atlas, que possuem um clima mediterrâneo e solo fértil abundante; a região semi-árida e parcamente povoada do Chotts, o qual contém lagos salgados (chotts) e onde se localizam em maior número os criadores de
ovelhas e
cabras; e a região das montanhas do Atlas do Saara, uma série de montanhas e massivos, também sendo uma região semi-árida e usada essencialmente como pastagem. O rio Chéliff é o maior do país. A maior parte da região árida do Saara é coberta com cascalhos e pedras, com pouca vegetação; há também grandes áreas de dunas de areia no norte e no leste. Alguns
oásis importantes são: Touggourt, Biskra, Chenachane, In Zize, e Tin Rerhoh.
A maior parte da área costeira da Argélia é acidentada, por vezes mesmo montanhosa, e há poucos bons portos. A área imediatamente a sul da costa, conhecida como o Tell, é fértil. Mais para sul situam-se os montes
Atlas e o deserto do Saara.
Argel,
Oran e
Constantina são as principais cidades.
O
clima da Argélia é árido e quente, se bem que o clima da costa seja suave, e os invernos nas áreas montanhosas possam ser rigorosos. A Argélia é afectada pelo
siroco, um vento quente e carregado de pó e areia, especialmente comum no verão.