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24 de maio de 2012

DEGUSTAÇÃO DE VINHOS EM MINAS GERAIS - Colaborador: Manuel


O  diálogo entre um enólogo e um caipira 
-  Hummm.. * Hummm... * 
-  Eca! 
-  Eca? Quem falou Eca? 
-  Fui eu, sô! O senhor num acha que esse vinho tá com um  gostim estranho? 
-  Que é isso?! Ele lembra frutas secas adamascadas, com leve  toque de trufas brancas, revelando um retrogosto  persistente, mas sutil, que enevoa as papilas de lembranças  tropicais atávicas... 
-  Pqp! E o senhor cheirou isso tudo aí no copo, sô?   
-  Claro! Sou um enólogo laureado. E o senhor?   
-  Cebesta, eu não! Sou isso não senhor!!! Mas que isso aqui tá  me cheirando iguarzinho à minha egüinha Gertrudes depois da  chuva, lá isso tá! 
-  Ai, que heresia! Valei-me São Mouton Rothschild!   
-  O senhor me desculpe, mas eu vi o senhor sacudindo o copo e  enfiando o narigão lá dentro. O senhor tá gripado, é?   
-  Não, meu amigo. São técnicas internacionais de degustação,  entende? 
-  Entendo. Lá no bar do Tiramãodaí a gente tumém tem umas  mania esquisita.. 
-  Ah, é? Os senhores também praticam degustação?   
-  Não, senhor, só engolição. A gente olha bem a marvada,  assim, contra o sol, que é pra ver se num tem barata dentro.  Depois joga um tiquim pro santo e manda ver! A danada desce  que só vendo! Sai carrascando tudo, bate lá no bucho e sobe  qui nem rojão na festa da Trindade. Com meia dúzia, o  pessoar já sai avançando nas saia das comadre que é um  desassossego! Às veiz sai inté tapa!   
-  Disgusting! 
-  Nossa Senhora! Nem me fale! Um desgosto danado! Já teve  casamento desmanchado e tudo... 
-  Caso queira, posso ser seu mestre na arte enológica. O  senhor aprenderá como segurar a garrafa, sacar a rolha,  escolher a taça, deitar o vinho e, então,...   
-  E antão molhar o biscoito, né? Tô fora, seu frutinha  adamascada!!! 
-  O querido não entendeu. O que eu quero é introduzi-lo no...   
-  Mas num vai introduzir mas é nunca! Desafasta, coisa ruim!   
-  Calma! O senhor precisa conhecer nosso grupo de degustação.  Hoje, por exemplo, vamos apreciar uns franceses jovens...   
-  Hã-hã... Eu sabia que tinha francês nessa história  lazarenta... 
-  O senhor poderia começar com um Beaujolais!  
-  Num beijo lé, nem beijo lá! Eu sô é homem, safardana!
-  Então, que tal um mais encorpado? 
-  Óia lá, ocê tá brincando com fogo... 
-  Ou, então, um suave fresco! 
-  Seu moço, tome tento, que a minha mão já tá coçando de  vontade de lhe meter-lhe a mão na sua cara desavergonhada!!!   
-  Já sei: iniciemos com um brut, curto e duro. O senhor vai  gostar! 
-  Num vô não, fio de um cão! Mas num vô, mermo!!! Num é  questão de tamanho e firmeza, não, seu fióte de brabuleta.  Meu negócio é outro, qui inté rima com brabuleta...   
-  Então, vejamos, que tal um aveludado e  escorregadio? 
-  E que tal a mão no pédouvido, hein, seu fióte de  Belzebu? 
-  Pra que esse nervosismo todo? Já sei, o senhor prefere um  duro e macio, acertei?
-  Eu vou acertar é um tapão nas suas venta, cão sarnento!!!  Engolidor de rolha!!! 
-  Mole e redondo, com bouquet forte? 
-  Agora, ocê pulou o corguinho!!! E é um... e é dois... e é  treis!!! Num corre, não, fiodaputa! Vorta aqui que eu te  arrebento, seu bicha fedorento.